A ausência de um patrocinador máster acarreta em algumas mudanças no
Cruzeiro. O clube liberou jogadores considerados caros – casos de Borges
e Marcelo Moreno – e reduziu os gastos com a folha salarial. A receita
disponível para investimento pode sofrer uma diminuição de até 10% em
relação à anterior – cerca de R$ 190 milhões – caso a diretoria não
consiga se acertar com uma empresa para estampar a região mais valiosa
do uniforme.
"O patrocínio máster representa pouco menos de 10%. Se juntar todos os
patrocínios, dentre os que estão na camisa e os que fazem outro tipo de
parceria, eles vão representar cerca de 15% a 20% do faturamento total.
Tem patrocinadores que não estão na camisa, mas são parceiros de outra
forma. Eles vinculam a marca ao clube buscando visibilidade", disse o
diretor comercial Robson Pires ao UOL Esporte.
A dificuldade para encontrar uma empresa que queira vincular a sua marca
ao futebol não é exclusividade do Cruzeiro. Outros clubes do Brasil
sofrem problemas semelhantes, o que o dirigente estrelado não crê que
seja um problema apenas do esporte.
"Os investimentos diminuíram, mas não é por ser um ano após a Copa do
Mundo. A responsabilidade é da insegurança no cenário econômico. Está
todo mundo esperando para saber como será o cenário. As grandes empresas
não estão com segurança para novos projetos e planos comerciais. Há uma
insegurança geral, é a atual conjuntura econômica. A nossa realidade é
um pouco melhor, porque estamos vindo de um bicampeonato brasileiro.
Ainda que a economia esteja em passo de espera, temos consultas
frequentes para investirem no Cruzeiro", comentou.
As saídas dos centroavantes que disputaram a temporada anterior pelo
time comandado por Marcelo Oliveira aliviam a folha celeste em R$ 600
mil. Além deles, o lateral esquerdo Samudio e o meia-atacante Marlone
deixaram a Toca da Raposa II. A dupla, contudo, não contava com
vencimentos elevados.
Na contramão das liberações, o bicampeão nacional buscou o lateral
direito Fabiano, o volante Felipe Seymour e os atacantes Leandro Damião e
Joel. Somados os salários do quarteto, a agremiação não gasta um valor
acima do pago no ano passado com os dispensados.
"O problema de transferências de jogador é da economia mundial, não
existem grandes transações de compra e venda de jogador. Em termos de
contratação, o presidente tem feito as contratações possíveis e
pontuais, porque o time é praticamente o mesmo do ano passado. Estamos
trazendo grandes nomes para o Cruzeiro, como o (Leandro) Damião, que é
um nome forte no mercado", declarou Robson Pires.
"Sem dúvidas, (se tivéssemos fechado com um patrocinador máster) poderia
ajudar porque seria um dinheiro a mais na receita. Se você perde um
patrocinador qualquer, que seja Premium, manga ou omoplata, você tem uma
perda significativa. Quanto maior o valor do patrocínio, maior a perda
de respeita. Você tem que suprir isso de outras formas, seja com
programa de sócio, bilheteria, venda de produtos, a gente tem que tentar
achar um ponto de equilíbrio de receita. O futebol exige muito
investimento, mas a receita nem sempre acompanha a exigência",
acrescentou.
Apesar da dificuldade para encontrar um patrocínio máster, o Cruzeiro
deu um passo positivo em relação ao acerto com a Caixa Econômica
Federal. O clube, no entanto, aguarda o fim do mês, quando haverá uma
definição na cúpula da instituição financeira, para sacramentar o
acordo. O valor do patrocínio seria de R$ 20 milhões, conforme as
conversas.
OUTRO LADO DA MOEDA
Se, por um lado, a ausência do patrocinador interfere na receita, por
outro, eleva a venda de camisas, de acordo com o diretor comercial
Robson Pires. Ele crê que este é um fator preponderante para aumentar a
receita com a comercialização de uniformes.
"É uma perda significativa de receita, mas ela é compensada por outro
lado, porque o torcedor do Cruzeiro gosta de comprar a camisa limpa,
tradicional. Há uma alavancagem na venda das camisas de jogo e de
treino. Há uma perda de receita com a ausência de patrocínio, mas ela
não se compensa totalmente com a comercialização de uniformes. Há um
ganho por esse lado também", concluiu.
UOL Esporte
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